POETAS CANÔNICOS
LAWRENCE DURRELL
Faces
So many masks, the people that I meet,
So many coloured faces -
Carnival idols wagging in a lanternet street,
Plaster and pigment grimaces.
Not one but wears smooth porcelain for a frown,
Not one the livelong daytime,
Can I say: "Here loveliness"? or "Here walks guile"?
Always beneath the smile
I know the apparatus of the bone,
the structure pinned withi ligament,
the sliding gristle, coil of artery:
All, all, delicate, nimble, wired, machinery,
Snugly buttoned in
A supple glove of fresh,
A snake-smooth film of skin,
Smooth, smooth, flawless and bland as rubber...
POETAS CONTEMPORÂNEOS
EVERARDO NORÕES
Lavador de pratos
Sussurram,
na superfície da louça,
os duendes da faiança
e o piano de Satie.
Enxáguo
desejos inconfessos
e, entre talheres,
me despeço
da Gymnopédie.
Há sempre um ar de água
nas frases que me dizem
quando a manhã acaba.
E no brilho dos pratos,
a mesma cor
da mágoa.
JOSÉ RODRIGUES DE PAIVA
Canção
Violam os violões
a noite inviolável
ou vibram os violinos
à diurna luz vibrátil?
Quem sabe o que se passa
enquanto o poema nasce?
quem sabe se é o dia
ou a noite que bate
ao coração do poeta
ou à noite que o traduz
em versos claro-escuros
ou à nitidez da luz?
Quem sabe o que se passa
ao florescer do poema,
se há risos ou se há prantos,
se há a angústia do tema,
da linguagem, da forma,
da vida que há de ter,
quem sabe o que se passa
para o poema nascer?
Quem sabe o que acontece
no interior do fruto
enquanto amadurece
minuto após minuto
até se abrir à luz
como acesa romã
e se entregar ao sol
e se fazer manhã?
Violam os violões
a noite inviolável
e vibram os violinos
à diurna luz vibrátil...
domingo, 21 de junho de 2009
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